Por Josemir de Sousa Quem utiliza lentes de contato sabe o quanto é difícil fazer a manutenção, sejam elas rígidas ou gelatinosas. As soluções de limpeza disponíveis no mercado visam desinfeccionar e umedecer as lentes, para diminuir os riscos de infecções da córnea. Na Bahia, um grupo de pesquisadores desenvolveu uma nova solução para a higienização de lentes, composta de elementos naturais além das substâncias já utilizadas.
O experimento foi pesquisado e produzido nos laboratórios do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em Lauro de Freitas, e apresentou resultados satisfatórios. Liderada pelo químico baiano Alessander Ferro, doutor pela Universidade de São Paulo (USP), a pesquisa – totalmente desenvolvida no estado e financiada pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) e atualmente passa por diversos testes. As integrantes da equipe Letícia Pereira e Gisele Monteiro celebram o interesse de um grande laboratório farmacêutico pelo produto. “Dentro do que esperávamos, o projeto já apresenta excelentes resultados”, comenta Ferro. A solução visa competir no mercado com as já existentes que, em sua maioria, são fabricadas por laboratórios estrangeiros.
O objetivo é proporcionar ao consumidor um produto menos agressivo, além de gerar recursos para o estado. Ferro prefere não revelar detalhes sobre a nova solução, mas deixa claro que o diferencial de sua formula é a combinação dos princípios ativos já existentes com elementos fitoterápicos, que não agridem tanto os olhos. A lente de contato é um disco hidrofílico (absorve água) que fica suspenso sobre a córnea. “Assim como os óculos, que precisam ser limpos com certa freqüência, elas também precisam passar por uma higienização para ter uma vida útil mais longa e não prejudicar o olho, que é um órgão sensorial extremamente sensível”, afirma o oftalmologista André Lavini. No passado, a limpeza das lentes envolvia várias etapas e produtos. Hoje, uma única solução consegue fazer a higienização de forma mais rápida e prática.
A pesquisa de Ferro está prevista para ser finalizada ainda este ano e a etapa seguinte será o processo de patente do produto. Um laboratório farmacêutico produzirá a formulação em escala laboratorial, trazendo mais competitividade ao mercado. A previsão do pesquisador é que a comercialização comece a ocorrer entre 2009 e 2010, tendo como vantagem a redução do preço, já que o novo produto promete ser mais acessível que os já disponíveis no mercado. Entre os mais de 77 milhões de pessoas que, conforme dados do laboratório Bausch & Lomb, utilizam lentes de contato - encontra-se o estudante Felipe Seabra 20 anos, o jovem tem astigmatismo, um formato irregular da córnea que causa distorção na visão. Usuário de óculos desde a infância, Felipe há três anos trocou os óculos por lentes de contato. “As lentes dão um aspecto mais natural a minha aparência. Apesar de muita gente hoje gostar de usar óculos, eu prefiro usar lentes”.
Matéria Publicada no Jornal Infociência - O primeiro jornal de ciência e tecnologia da Bahia: Ano V - Número 17Infografia: Paulo Mauricio Santana
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