
Jovem fala das dificuldades de ser aceito como ateu
Por Josemir de Sousa
Logo que encontrava uma igreja onde a doutrina fosse de acordo com os preceitos seguidos, passavam a conviver naquele grupo e o jovem Adams acompanhado por seus irmãos adotavam uma rotina. “Íamos à igreja quatro vezes por semana, e aos domingos era o dia em que ficávamos mais tempo, pela manhã a escola dominical e a noite o culto para ouvir a pregação do pastor”. Adams se diz um rapaz curioso a respeito de Deus e desde a infância gostava de ler a respeito. Com o passar dos anos o jovem passou a utilizar seus conhecimentos para se aprofundar mais nos temas da religião, e a cada nova descoberta surgiam logo alguns questionamentos, que ele tentava buscar espostas através de debates com os orientadores da igreja e em casa com os familiares.
Porém, como muitas vezes suas dúvidas não eram respondidas de maneira coerente e, principalmente, não traziam nenhum argumento convincente, àquela altura ele já não estava tão seguro da sua fé. “Sou um amante da psicologia e percebia que, no geral, os pastores se valem de elementos desta ciência para manipular os fiéis e isso ficava claro para mim quando eles usavam de elementos simbólicos como, por exemplo, a oração sobre um copo com água e sobre outros objetos”.
Com o passar do tempo voltou sua atenção para outros interesses além da igreja, se aproximou de pessoas fora do meio religioso. Passou a freqüentar festas, bares e outros lugares que antes jamais se atreveria a ir sem culpa. Em casa a situação com a família não andava nada bem. Segundo Adams, seus pais já percebiam sua mudança e passaram a tratá-lo de forma indiferente, sua mãe (a quem ele considerava uma amiga) o tratava agora friamente tendo, muitas vezes, deixado de falar com ele.
O jovem percebia ali que a mudança de pensamento em relação às crenças estava abalando seu convívio em casa. “Eu não admitia que pessoas que se julgavam racionais agissem de forma tão ignóbil, mais parecia uma excomunhão”, comenta. Embora soubesse que a situação não agradava a família, jamais esperava sofrer tantas represálias. Contudo, o maior abalo ocorreu quando um dia, após voltar do trabalho, percebeu que suas coisas não estavam mais em casa. A explicação de todo o ocorrido estava em uma carta entregue por seu cunhado.
Nela, a mãe do jovem dizia que ele seria sempre bem vindo naquela casa, porém, devido ao seu novo comportamento já não poderia estar mais ali. “Me senti traído pela minha família e, principalmente por minha mãe’’. Desde então vive em companhia de amigos e mesmo tendo tido alguns contatos esporádicos, não se arrepende de seu modo de pensar. “Às vezes me vem a mente memórias daquela época e isso me faz sentir uma rápida saudade, mas a razão sempre me vence, talvez tenha sido melhor assim, eu não
ia consegui mudar o pensamento deles e nem eles mudar meu”. Mesmo tendo passado por tantas dificuldades após a saída da casa dos pais, Adams se sente mais leve e seguro em suas idéias com relação à crença no sagrado, para ele a liberdade conquistada de forma abrupta o fez conquistar um novo mundo, um novo estilo de vida, sem amarras religiosas. A atitude de sua família, só veio reforçar o que já pensava anteriormente. “A religião é uma mitologia contemporânea”. Finaliza
Matéria publicada na REVISTA ACTO - Publicação experimental para o Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo FIB em Nov. de 2009
Foto: Josemir de Sousa
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